Wednesday, November 01, 2006

FRAGMENTOS

Olha o mar. Esquece das intempéries medíocres da vida. Mire o imenso.O infinito. O puro. O provável. Perca-se na sedução do horizonte.Vive pleno o único pingo de um instante. Degusta-o por inteiro.O resto não faz o mínimo sentido. É o resto. Não importa nada.

*

Fluxo da consciência. Deixar-se ir nesta correnteza desconhecida, sendo levado por vozes alheias,por ruídos insignificantes ou por um momento de silêncio conciso.Assim surgem as palavras que sobrevivem boiando ao sabor do tempo contemporâneo.Um hausto inspirador haverá de pescá-las e aí elas passarão a ter um sentido.E em meio às sensações recém inauguradas toda uma nova dimensão será vislumbrada.

*

Aquela voz. Sim, eu a quero. Preciso dela. Somente a voz.Sem passado. Sem presente e sem futuro. Sem a forma.Apenas o som. Puro. Cristalino. Que role como uma esferalíquida de água límpida da fonte oculta. Que ecoe.Um som sem distâncias. Sem espaços. Melífluas sensaçõessoantes. Nunca dissonantes. A voz. Que venha a voz.

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